Saúde

É chegada a hora tão esperada, a hora do nascimento! A mãe, que já vive um turbilhão de emoções por conta dos hormônios liberados durante a gravidez, às vezes é surpreendida com a notícia de que seu filho foi diagnosticado com Síndrome de Down - T21 (Trissomia do 21). E agora, o que fazer? Muitas vezes as mães têm pouco ou nenhum conhecimento sobre esse assunto.

O emocional fica muito abalado! Mas calma, olhe para seu filho, olho no olho e sinta que ele vai sorrir pra você, vai parar de chorar quando sentir o aconchego dos seus braços e vai amá-la muito. Veja o seu filho e não a Síndrome. Esse momento é mágico, aproveite-o e esqueça o diagnóstico. Todos esses sentimentos, divida com seu companheiro, divida com a família, você não está sozinha, falar sobre o que está sentindo ajuda a aliviar a angústia.

mãe e bebe

Às vezes o diagnóstico é feito durante a gravidez. Nesse caso, os pais e a família já têm tempo de se informar mais e se preparar para a chegada do bebê, inclusive com maior tranquilidade para lidar com alguma intercorrência no momento do parto.

Um bebê com síndrome de Down deve receber os mesmos cuidados como qualquer outro, a única diferença é um olhar por parte dos profissionais de saúde um pouco mais profundo com relação aos aspectos que a T21 apresenta.

É ideal ter sempre o mesmo médico para acompanhar a criança, pois, quando este acompanha a criança desde o nascimento, acaba sendo um profundo conhecedor da saúde dela, tornando-se capaz de perceber mais precocemente alguma alteração. A consulta com o geneticista também é muito importante, pois os pais vão conhecer muitos detalhes acerca da Síndrome de Dow

mãe e bebe

O bebê com T21 já nasce apto a aprender como qualquer outra criança, porém há algumas condições fisiológicas, como a hipotonia, que os torna mais “molinhos” do que as crianças que não tem T21. Essa condição é melhorada através da fisioterapia, e a estimulação precoce que pode já ser iniciada a partir de 20 dias (quanto antes, melhor para o seu desenvolvimento).

Ter informações é muito importante, tente se informar bastante, hoje isso é muito fácil. A vacinação das crianças com SD deve seguir o calendário do Plano Nacional de Vacinação (PNI), porém deve ser ressaltado para o intervalo de 15 dias entre uma vacina e outra. Isto evita que, se a criança tem alguma reação possa ser identificada a causa e dar tempo ao organismo produzir as células de defesa.

Alguns sinais e doenças que podem ocorrer nas pessoas com Síndrome de Down (T21):

  • Pele mais ressecada;
  • Baixo Tônus muscular;
  • Pulmão e sistema respiratório mais sensível;
  • Cardiopatias;
  • Alterações no hormônio da tireóide;
  • Perturbações no sono;
  • Audição;
  • Disturbios na Visão;
  • Problemas dentários;
  • Disfagia;
  • Deslocamento atlantoaxial;
  • Baixa imunidade;
  • Obstrução do sistema digestivo;
  • Alzheimer.

Importância da Fonoaudiologia para indivíduos com Síndrome de Down

Olá pessoal! Tudo bom? Sou a Camila da R. Borba – Fonoaudióloga –CRFa3-10805.

Atendo no meu consultório crianças, adolescentes e adultos com Síndrome de Down.

Para falar da importância da Fonoaudiologia em indivíduos com Síndrome de Down, primeiramente quero esclarecer aqui que a FONOAUDIOLOGIA é muito mais que a FALA, é a COMUNICAÇÃO EM GERAL, onde envolve junto com a fala, a audição, linguagem verbal (por meio da escrita ou fala propriamente dita), linguagem não verbal (através de expressões faciais, sorrisos, choros, gritos, figuras, gestos), leitura, escrita e atua nas dificuldades de alimentação, como sugar, mastigar e engolir (deglutição); da forma como essas funções orais são coordenadas com a respiração; e das estruturas orofaciais (cavidade oral, musculatura da face e da boca) envolvidas para que todas essas funções se realizem de forma harmônica.

O nosso trabalho como Fonoaudiólogo é amplo como citei a cima, vai além da fala, envolve uma preparação da musculatura para que a criança possa desenvolver a fala.

PROTOCOLO DE ATENDIMENTO

Abaixo disponibilizamos um protocolo de atendimento, que tem o intuito de orientar tanto os pais, cuidadores, como também as equipes interdisciplinares, que têm, em sua convivência, pessoas com Síndrome de Down.

Atenção à Saúde da Pessoa com Síndrome de Down

Francisca Lígia Cirilo Carvalho, Gisele Rozone De Luca e Louise Lapagesse de Camargo Pinto

(Equipe do Hospital Infantil Joana de Gusmão- Florianópolis SC)

A finalidade deste informativo é destacar a relevância da correta avaliação e acompanhamento das pessoas com Síndrome de Down, nas diversas faixas etárias, buscando prevenir gravidades e promovendo qualidade de vida. Assim sendo, através deste Protocolo, serão fornecidas as orientações às equipes multiprofissionais para o cuidado à saúde integral, promovendo e estimulando a interdisciplinaridade, e, até mesmo, a transdisciplinaridade. Supervisionar e diagnosticar precocemente intercorrências clínicas são temas significativos na prática de Atenção Primária à Saúde.

Atenção à Saúde da Pessoa com Síndrome de Down

O cuidado com a saúde da pessoa com Síndrome de Down é apresentado a seguir, atendendo a cada faixa etária, registrando os riscos maiores de intercorrências clínicas e comprometimentos diversos, conforme a Tabela 1. É fundamental salientar que este Protocolo é um guia geral a ser aplicado em todas as pessoas com a referida Síndrome, de acordo com o Quadro 1, e foi elaborado pelo Ministério da Saúde, evidenciando os cuidados básicos, devendo ser complementado de acordo com as orientações clínicas, fornecidas pela especialidade da Genética Clínica, com o apoio dos profissionais da Pediatria e Clínica Médica. Os protocolos apontam a necessidade da supervisão sistemática e organizada para a correta atenção à saúde da pessoa com Síndrome de Down.

O acompanhamento do crescimento obedece as curvas específicas para a Síndrome de Down, de zero a 2 anos, de 2 a 8 anos, meninos e meninas, de Mustacchi, Z., assim como, de zero a 3 anos, de 2 a 18 anos, meninos e meninas, de Cronk et al.(Gráficos de Curvas Antropométricas).

As recomendações do Ministério da Saúde, através do Protocolo Clínico, para os adultos e idosos, são semelhantes aos cuidados indicados na adolescência, havendo, entretanto, maior destaque para incentivar o autocuidado e autonomia para as Atividades de Vida Diária e Atividades Instrumentais de Vida Diária, bem como é alertado quanto aos cuidados com a Apneia do Sono.

Tabela 1 - Patologias associadas à SD e sua Prevalência:

Sistema Patologia Prevalência
Visão Catarata 15%
Pseudo-estenose do ducto lacrimal 85%
Vício de refração 50%
Audição e Sistema Respiratório Perda auditiva 75%
Otites de repetição 50% - 70%
Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono 57%
Comprometimentos respiratórios 30% - 36%
Sistema Cardiovascular Comunicação Interatrial 40% - 50%
Comunicação Interventricular 40% - 50%
Defeito do Septo Atrioventricular 40% - 50%
Sistema Digestivo Atresia de Esôfago 12%
Estenose/ Atresia de Duodeno 12%
Megacólon Aganglionar/ Doença de Hirschsprung 1%
Doença Celíaca 5% - 7%
Colecistopatia Litiásica 3.6%
Trato Urinário Anomalias 3.2%
Sistema Nervoso Síndrome de West 1% - 13%
Autismo 1%
Distúrbios do Comportamento 18% – 38%
Sistema Endócrino Hipotireoidismo 4% – 18%
Sistema Locomotor Subluxação Cervical sem lesão 14%
Subluxação Cervical com lesão medular 1% - 2%
Luxação de Quadril 6%
Instabilidade das Articulações em algum grau 100%
Sistema Hematológico Leucemia (Leucemia Linfóide Aguda, Leucemia Mielóide Aguda) 1%
Anemia 3%
Síndrome Mieloproliferativa Transitória 10%
Alterações Metabólicas Diabetes Mellitus 1%
Obesidade 30% – 35%
Alterações Dermatológicas Xerose 70%
Queratose Pilar, Dermatite Seborreica, Hipercarotenemia, Lentigos Acantose Nigricans, Queilite, Cutis marmorata, Acrocianose, Psoríase, Alopecia Areata, Vitiligo, Foliculite 1.9% – 39.2%
Fonte: Adaptada das Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de Down / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012¹- ²-3.

Quadro 1 – Acompanhamento por faixa etária:

Exames / Orientações Recém-nato até 1 ano Crianças 1 a 10 anos Adolescentes
TSH Aos 6 meses e 1 ano Anual Anual
Anticorpos Antitireoidianos Anual Anual
Hemograma Aos 6 meses e 1 ano Anual Anual
Cariótipo* +
Glicemia de Jejum Anual Anual
Lipidograma e Triglicerídeos Acima de 3 anos Anual
Ácido Úrico Acima de 3 anos Anual
Anti-transglutaminase IgA Bianual Bianual
IgA sérica Bianual Bianual
Rx de Coluna Cervical Aos 3 e 10 anos Se necessário
USG Abdominal + + +
USG dos Quadris/ RX dos Quadris +
RX dos Joelhos + +
Avaliação Oftalmológica 6 meses Anual Bianual
Avaliação Otorrinolaringológica 6 meses Anual Anual
Ecocardiograma SIM SIM SIM
Avaliação Ginecológica Anual
Vacinações Anti-Pneumocócica 3 doses Anti-Varicela 1 ano e reforço com 4 anos. Anti-Hepatite A
Posicionamento do pescoço + + +
Estimulação Estimulação global Atividade física Atividade física
Alimentação Estímulo ao aleitamento materno Alimentação saudável Alimentação saudável, cuidado com obesidade
Contato com outros pais (Associações de Pais-Apoio) SIM SIM SIM
Apoio da comunidade Socialização Socialização
Hábitos de vida Saudáveis Saudáveis Saudáveis
Escolaridade Escolaridade Escolaridade e adaptação curricular
Estimular autocuidado Estimular autocuidado Estimular autocuidado e autonomia para as AVD e AIVD
Risco de exploração sexual Alertar Alertar
Observar Comportamento Mudanças de comportamento (Autismo) Comportamento social adequado
Risco de lesão cervical Risco de lesão cervical no lazer Risco de lesão cervical pelo uso de computador e esporte
Sono Cuidado com apneia do sono
Orientação sexual Prevenção de gravidez
Fonte: Adaptado do Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de Down / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas 1-2. *O cariótipo deve ser solicitado durante o primeiro ano de vida ou em qualquer momento se não tiver sido realizado ainda.

Conclusões

O protocolo relatado é um grande recurso para as equipes multiprofissionais, de caráter, idealmente, transdisciplinares, o qual orienta os diagnósticos clínicos associados e condutas, proporcionando assim o cuidado integral com a saúde da pessoa com Síndrome de Down, em toda sua dimensão biopsicosociocultural.

Referências

1. Mustacchi Z, Rozone G. Síndrome de Down - aspectos clínicos e odontológicos. São Paulo: CID Editora,1990.

2. Ministério da Saúde / Secretaria de Atenção à Saúde / Departamento de Ações Programáticas Estratégicas - Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down - F. Comunicação e Educação em Saúde; Brasília – DF; 2012.